segunda-feira, 26 de março de 2012

Serendipity




Meus sentimentos são um segredo. Mas eles, às vezes, escapam pelas brechas, mesmo que eu finja não me importar e desprezar sua presença, não aguento cinco minutos antes de dar meia-volta e me aconchegar em seus braços.

Mas você é tão gentil que aceita minha paixonite, rota e embrulhada em jornal velho, e cuida bem dela. Talvez saiba que, apesar da apresentação nem sempre tão agradável, é autêntica e de boa qualidade - coisa rara hoje em dia, esses apetrechos que duram por gerações. Que me importa se não te desperto igual sentimento - se tão doce é a forma como aceita ser amado e trata-me tão bem? Só orgulho ferido.

Mas, por trás desta armadura enferrujada, há sim ternura. Necessita aflorar apenas não amor de outrém, mas o autoamor - aquele que se basta. Essa é a fonte que fará jorrar as gentilezas que me faltam sobre aqueles que se aproximarem para bebericar da minha companhia, e até mesmo os que estejam apenas de passagem serão atingidos pelos respingos. Imagino a felicidade que será compartilhar um pouco - ou muito - da alegria que me transbordar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Be pretty!

Este blog é um treino. Mudar padrões e velhos hábitos mentais requer isso: prática, dedicação, força de vontade e perseverança. Pois, ainda que de maneira inconsciente e espontânea, foi assim que tais padrões se instalaram - pela repetição.

Há momentos e momentos, e devo respeitar meu tempo. E hoje, você, blog, será minha Clementine. Então, ouça-me atentamente: You can't be ugly! Be pretty!

E veja que há tantas belezas na vida! Porém, a mais radiante e importante de todas é o amor próprio. É essa que lhe trará os reais benefícios, e não os vis infla-ego. É do amor próprio que poderá extrair o sumo do verdadeiro bem estar.

Be pretty!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Shit happens

E são coisinhas tolas, pequeninas surpresas negativas que, somadas a uma predisposição dramática, te fazem questionar uma série de coisas. Entre elas, a sua própria sorte, se for místico; ou, sendo religioso, o quanto a sua adorada divindade te odeia.

E aí você pode chutar uma latinha vazia ou socar uma parede, deitar num cantinho escuro em posição fetal ou praguejar o mais alto que seus pulmões permitirem... E então, em cinco ou dez, quiçá quinze minutos, estará tudo bem.

Não há nada de errado em se permitir chatear-se por uns breves momentos com essas miudezas. Mas tão melhor - tão mais agradável e divertido seria achar tudo muito engraçado desde o princípio.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Tick tick tick...

...that's the sound of your life running out.

Não me agrada a ideia de viver em função dos ponteiros do relógio. Mas é essa a medida de que disponho pra saber o que estou deixando de fazer em minha vida.

Há oportunidades a todo momento: de aprendizado, lazer, manutenção, descanso, reflexão... Há também oportunidades de autodestruição, modorra e tantas outras nocivas que, na melhor das hipóteses, promovem apenas a estagnação.

Há um rol de coisas que eu adoraria fazer!

- Dançar
- Exercitar o corpo
- Exercitar a mente
- Ler um bom livro
- Jogar
- Criar coisas agradáveis
- Arrumar a casa, criando um ambiente agradável
- Desenvolver novas habilidades
- Escrever

A lista é extensa e apenas um item foi realizado até agora. Já são quase nove horas... que bom que percebi a tempo!

Até breve, minha pequena máquina de distrações.

terça-feira, 20 de março de 2012

Always look on the bright side of life

Tudo tem dois lados: um bom e outro ruim. Por isso, nosso poema começa assim: (...)

E eu não me lembro como começava. Mas creio que tinha algo a ver com o "problema" de a tinta da caneta acabar, mas a felicidade de, então, se ganhar uma caneta nova.

Não o fato em si proporciona a (in)felicidade, mas a maneira de percebê-lo, senti-lo, vivê-lo. É evidente que algumas situações têm um maior poder de influência em nosso estado de espírito, mas existem tantas outras variáveis atuando sobre essa percepção - e muitas delas estão sob nosso controle: questão de escolha.

O tal "poema que começou assim" foi escrito durante a aula, na quinta série. Formaram-se duplas para escrevê-lo, mas eu tive que fazer sozinha. Apesar disso, note o pronome possessivo na primeira pessoa do plural se referindo ao "poema". Não foi de todo falso pois que, como eu não sabia como concluí-lo, uma coleguinha sugeriu o último verso. Pode-se ver ironia, ou maldade. Pode-se ver cooperação, ou caridade. Pode-se ver trivialidade. Questão de escolha.

Tudo tem dois lados: um bom e outro ruim. E é por isso que nosso poema termina assim.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Pequenos prazeres

Em algum cantinho, numa caixa de sapato blindada e antinuclear, estão preservadas algumas dúzias de pequenas alegrias. Não está a fácil alcance, na memória. Talvez, por ter sido classificada como banal, foi perdida; talvez, por ter sido classificada tola, foi escondida.

O sol ameno tocando a pele; olhar as nuvens brancas adquirindo novas formas, lentamente, no céu azul; os pés descalços tocando a areia macia da praia; o cheiro do mato; o cheiro de um livro novo; acordar espontaneamente uma hora mais cedo e poder voltar a dormir; uns abraços; umas gentilezas; uns rabiscos; o cheirinho do café; o estalar dos ossos; o espreguiçar depois de muito tempo imóvel; os presentes; as boas surpresas; a água quentinha do chuveiro...

...um passo mais perto do que realmente importa.

Renascer

Este blog foi criado há tanto tempo, e aqui ficou, aguardando momento oportuno. Nunca me senti preparada para escrever algo nele, correndo o risco de macular o título que, assim, solto, não faz sentido algum, mas que traz consigo um propósito maior.

A terceira metamorfose do espírito - de camelo a leão e, finalmente, a criança.

"É que a criança é inocência e esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira por si própria, primeiro móbil, afirmação santa."

Eis a busca ao vislumbramento perante a vida, livre de crenças empoeiradas e carcomidas, orgulhos trincados e hábitos envenenados. A busca pela criança que se permite a liberdade e o riso e a curiosidade e a descoberta, e se encanta com o diferente ao invés de julgá-lo ou condená-lo; uma criança que segue as vontades de seu âmago - o "eu-quero" que não se intimida ante o "tu-deves".

Eu sei que isso parece um amontoado de clichês e contradições. E eu sei que tal percepção e autojulgamento me afasta dessa "criança", que se torna sombria e birrenta.

Mas seja esse o início de meu caminho até ela. O mais importante resgate.